Partido do vice-presidente comanda
aprovação de proposta que tira de Dilma poder para demarcar terras indígenas e
outras áreas
O PMDB votou maciçamente contra o governo na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara e comandou a aprovação da proposta de emenda
constitucional tirando poderes do presidente da República para demarcar terras
indígenas, áreas de preservação ambiental e regiões de quilombolas.
Os votos do PMDB foram fundamentais para a aprovação do projeto. A
resistência governista foi feita pelos deputados do PT, do PCdoB, do PSB, do PV
e do PSOL. Em número menor, esses partidos tentavam, desde a semana passada,
impedir a votação. Os demais partidos da base ficaram divididos e a oposição
votou contra o governo.
"Comissão assassina. Assassinos", entoou um grupo de índios
presente na sala da CCJ, assim que o presidente da comissão, Ricardo Berzoini
(PT-SP), anunciou o resultado. Apesar do tumulto no final da reunião, a votação
do projeto foi concluída com 38 votos a favor e 2 votos contrários. Os demais
deputados que não queriam a aprovação da proposta entraram em obstrução,
portanto não votaram, em uma última tentativa para derrubar a reunião.
Pelo projeto, o Executivo não poderá mais fazer demarcações das terras.
Essa decisão ficará por conta dos parlamentares por meio de projeto de lei,
aprovado por maioria simples. Depois da CCJ, a proposta de emenda
constitucional seguirá para votação em comissão especial e no plenário.
"Todos os Estados têm problemas com questões indígenas. Queremos discutir
isso com a sociedade. A Funai exagerou na proposta de novas terras para
demarcação", argumentou o deputado Moreira Mendes (PSD-RO), presidente da
Frente Parlamentar da Agropecuária.
"É um retrocesso enorme. Na prática não haverá mais demarcação de
terras indígenas, de preservação ambiental nem de quilombolas", protestou
o deputado Alessandro Molon (PT-RJ). Ele anunciou que vai recorrer à
presidência da Câmara contra a aprovação da proposta. O deputado argumenta que
a proposta fere pontos consagrados na Constituição: o reconhecimento das terras
ocupadas pelos índios como direito original e a prerrogativa do Executivo em
demarcar as terras. Molon afirmou que esses dois princípios foram reafirmados
por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da reserva Raposa
Serra do Sol.
"O direito dos índios a essas terras é mais antigo do que qualquer
outro de qualquer ruralista que se sinta prejudicado com a demarcação de
terras", disse Molon. O líder do PV, deputado Sarney Filho (MA), afirmou
que apenas um terço das terras dos índios está demarcada. "A proposta
coloca em risco 90 grupos indígenas isolados, que serão apagados", disse.
O projeto teve parecer favorável do
relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Antes dele, no entanto, a proposta
recebeu parecer contrário do deputado Luiz Couto (PT-PB). "Essa projeto
vai impedir que haja mais áreas indígenas e de quilombolas identificadas. O
Executivo ficará impedido de resolver essa questão", disse Couto.
Fonte:
PORTAL IG ÚLTIMO SEGUNDO POLÍTICA. PMDBvota contra governo e aprova texto
sobre demarcação de terra. 21/03/2012. Online. Disponível
em: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/pmdb-vota-contra-governo-e-aprova-texto-sobre-demarcacao-de-terr/n1597702898481.html. Capturado
em 21/03/2012
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