A Câmara de Vereadores de Vilhena (RO) sediou na última quinta-feira (15), uma audiência pública para tratou dos conflitos agrários e da violência no campo na Região Sul de Rondônia, também chamada de Cone Sul.
Participaram da reunião representantes da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Rondônia (FETAGRO), demais movimentos sociais e trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Entre os pontos de discussão que foram abordados na audiência estavam a mediação ou solução de conflitos na área denominada Rio de Ouro, onde está localizado o acampamento de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra conhecido como Barro Branco, em Chupinguaia, além da verificação do andamento de inquéritos policiais agrários e das medidas adotadas para segurança física de pessoas ameaçadas.
Para o secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino, a situação nessa região chegou a patamares inaceitáveis, inclusive com a prisão do presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) de Vilhena/ Chupinguaia, Udo Wahlbrink, e do vereador de Chupinguaia Roberto Ferreira Pinto (PMN), no último dia (05) e que ainda continuam presos no presídio de Vilhena. Os dois estavam envolvidos em ações de luta pela terra. "Cerca de 800 pessoas esperam ansiosamente o desenrolar da audiência pública, acreditando que a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais tenha um empenho da Ouvidoria Agrária Nacional e os demais órgãos competentes para que deem um basta nos conflitos e nessa sensação de impunidade que existe no campo", afirmou o sindicalista.
Na semana passada, a Contasg e a FETAGRO já denunciaram a forma violenta como o poder público de Rondônia vem tratando os trabalhadores e as trabalhadoras rurais que lutam pelo acesso à terra, principalmente na região do Cone Sul do estado.
Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Rondônia (FETAGRO), Lázaro Dobri, o Cone Sul registra muitos conflitos agrários por concentrar mais de 50 áreas de latifúndio, sendo mais de 15 improdutivos. "Tem áreas que estão sendo retomadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas os juízes estão concedendo a posse para os que se intitulam proprietários", explica.
Lázaro completa que essa sensação de impunidade e de criminalização da luta pela terra já acontece há muito tempo em Rondônia. Afinal, o Massacre de Corumbiara completou 16 anos. Na ocasião, cerca de 600 trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam a Fazenda Santa Elina, identificado como um latifúndio improdutivo.
Durante a madrugada, pistoleiros armados, recrutados nas fazendas da região, juntamente com policiais militares, iniciaram os ataques ao acampamento. O número oficial de mortos é de 12 pessoas, dos quais dois eram policiais e uma era criança.
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