Posseiros
do Agua Viva, em 2011. Foto Folha do
Sul
|
Chupinguáia,
Rondônia. 20 de fevereiro de 2012. Sete trabalhadores
desaparecidos
é o balanço provisório do confronto entre jagunços e policiais contra
trabalhadores sem terra do Acampamento Água Viva, nas proximidades de
Chupinguáia, Rondônia.
A
reocupação da Fazenda Água Viva, resultou em conflito com os pistoleiros. No dia
19/02/2012 de manhã, aproximadamente 30 famílias ocuparam o lote 40 setor, 10
Gleba Corumbiara, no município de Chupinguaia. Os capangas fugiram e logo a
noite as 2:00 da madrugada os acampados foram
surpreendidos por um grupo de homens fortemente armados, juntamente com
policiais militares atirando nos acampados, e até o momento estão desaparecidos
sete trabalhadores rurais que estavam no local. No local teve já diversos
confrontos violentos e continua marcando o Cone Sul do Estado como uma das áreas
agrárias mais conflitivas do estado.
Em:
Poderá
conferir também em:
O capitalismo
sobrevive às pessoas que o mantém através das Instituições criadas por este
sistema, entenda-se por Instituições Multi e
Transnacionais além dos Grandes Latifúndios do
Agronegócio.
Parte do texto
abaixo, escrito no Portal dos Movimentos Sociais, por Josep
Iborra Plans, Zezinho da
coordenação colegiada da CPT Rondônia, tenta
explicar o que ocorre nesta região.
Do
Portal do Movimentos Sociais Publicada em 15-09-2011 às
00h00:
O que está acontecendo na terra em Rondônia?
Em
análises da situação fundiária do estado, a matéria reflete sobre a situação
atual de ofensiva da violência agrária no estado de Rondônia. Não é fácil
desenhar um panorama geral do que está acontecendo em Rondônia: As árvores não
nos deixam ver o bosque! Depois do período da Ditadura Militar, duma certa
colonização organizada da Amazônia, entramos num período no qual a iniciativa
foi deixada nas mãos privadas. Durante anos temos visto que a política agrária
em Rondônia tem sido aplicação concreta da doutrina neoliberal: Segundo a qual o
governo devia deixar agir o "mercado" e a função da
autoridade seria atrapalhar o menos possível. Resultado na prática: As grilagens de terras e a correria para se apossar da
Amazônia, deixa aos mais poderosos e aos mais violentos a melhor parte. A lei do
cão. E tudo parece indicar que a situação não mudou. As comunidades tradicionais
ficaram no escanteio e resultaram as mais prejudicadas: muitos dos quilombolas,
indígenas, seringueiros e ribeirinhos não tem titulado o território tradicional,
onde nasceram e se criaram, onde alguns moraram por séculos. Somente nos
movimentos organizados, a posse da terra por parte dos pequenos agricultores
tinha alguma possibilidade. Daí a organização do MST e dos acampamentos de sem
terra. Ou ocupar a floresta e converter-se em desbravadores da mata, sempre indo
mais longe, enfrentando a malária, a falta de estradas, de escolas, de saúde...
e destruindo o meio ambiente. O Instituto de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) ficou desmantelado de pessoal e de
recursos, passando a realizar apenas a primeira parte de forma eficiente: A
colonização da floresta e do bioma amazônico. Para isso a conexão com o IBAMA
era essencial: Para grilar as terras precisava derrubar a mata, e depois o crime
ambiental era premiado com o reconhecimento da posse da terra. Durante mais de
quinze anos um amplo esquema funcionou em Rondônia neste sentido. A reforma
agrária somente existia quando forçada pelos grupos de sem terra. Acima o
governo parecia fazer o possível para que não desse certo: Em áreas remotas, sem
comunicação, sem assistência técnica em terras, em morro, fazendo vista grossa
venda de lotes, etc. Rondônia hoje é um estado ocupado pelo latifúndio. O
resultado agora está saindo a tona: Segundo o cadastro
do INCRA, três quartas partes da terra dedicada a agricultura de Rondônia está
nas mãos dos grandes proprietários. A maior parte dela seria improdutiva,
inclusive com os índices antiquados que ainda vigoram no Brasil.
Josep
Iborra Plans, Zezinho da
coordenação colegiada da CPT Rondônia
Portal do
Movimentos Sociais Publicada
em 15-09-2011 às 00h00
Confira
o texto na Integra em:
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