Tirado do original do Portal de Acrítica.com do canal do UOL
em 10/02/12 e postado neste Blog em 13/02 às 00h43min, confira abaixo:
Ameaças de morte se
intensificam e assentamento do Amazonas corre risco de ficar esvaziado
Líder camponês ameaçado de morte
diz que retirada de madeiras de Parque Nacional Mapinguari aumentou desde 2011
Manaus, 10 de Fevereiro de 2012
por ELAÍZE FARIAS
Assentamento Florestal Curuquetê, em Lábrea (AM), em foto de
junho de 2011
Criado há nove meses, uma semana após o assassinato
de sua principal liderança - o líder camponês Adelino Ramos -, o Projeto
de Assentamento Florestal Curuquetê, localizado na região do município de
Lábrea, no sul do Amazonas, corre o risco de ficar abandonado e nas mãos de
madeireiros ilegais.
O alerta vem do agricultor Marlon Teixeira de
Oliveira, 39, que após várias ameaças de morte sofridas desde dezembro de 2011,
decidiu fugir para Manaus.
Junto com José Miguel da Rocha, 48, outro
agricultor morador de Curuquetê que também vem recebendo ameaças, Oliveira está
em Manaus desde a semana passada.
Em entrevista ao portal acritica.com nesta
sexta-feira (10), ele disse que já comunicou as ameaças de morte à polícia do
município de Humaitá, também no sul do Amazonas, ao Ministério Público Federal,
à Ouvidoria Agrária Nacional, à Polícia Federal e ao Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Em Manaus, Oliveira vem recebendo acompanhamento da
Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Segundo Oliveira, não é apenas a reserva de madeira
do PAF Curuquetê que tem sido alvo dos madeireiros ilegais.
Ele conta que, desde a morte de Adelino Ramos,
aumentou a extração de madeira do Parque Nacional Mapinguari, unidade de
conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), devido à falta de fiscalização dos órgãos ambientais.
O Parna Mapinguari foi criado em 2008 pelo governo
federal e está localizado no interflúvio dos rios Purus e Madeira, nos
municípios de Lábrea e Canutama, na divisa com Rondônia. A unidade de
conservação possui um dos mais ricos ecossistemas da Amazônia
Revolta
Segundo o agricultor, a origem das ameaças vem de
pessoas ligadas a Ozias Vicente, o principal suspeito de executar Adelino, e do
irmão dele conhecido como Luiz Machado.
No mês passado, após ser solto por meio de um
habeas corpus, Ozias Vicente foi assassinado, o que levou a justiça de Rondônia
a arquivar o caso, medida que causou indignação e preocupação dos assentados. O
processo ficou nas mãos da justiça daquele Estado porque Adelino Ramos foi
assassinado em Vista Alegre de Abunã, município de Rondônia, na divisa com o
Amazonas.
Para Marta Valéria Cunha, a facilidade de acesso
que os madeireiros (também conhecido como toreros, por causa da prática de
toras de madeira) possuem para entrar no no assentamento e na unidade de
conservação mostra que o poder público continua ausente na região.
“Soubemos que estão tirando madeira tanto do
assentamento quanto em Mapinguari. Então com facilidade. Está tudo sem
fiscalização. O Estado deveria manter ali uma força tarefa permanece e não
apenas realizar ações paliativas”, diz Marta.
Para a agente da CPT, com o esvaziamento do
assentamento, não há motivo para que o local continue existindo. “Vamos
conversar com o Incra. Ou o governo assume aquilo, ou não faz sentido existir
assentamento”, analisou.
De acordo com balanço da CPT no Amazonas, há
aproximadamente 49 lideranças camponesas no Estado ameaçados de morte.
Revolta
Marlon Teixeira de Oliveira foi coordenador do
Movimento Camponês Corumbiara (MCC) entre 2004 e 2009. Depois de um período
afastado devido a ameaças de morte, ele retornou ao local em julho de 2011,
após o assassinato de Adelino Ramos, atendendo a um pedido das famílias do PAF
Curuquetê.
“Voltei ao assentamento e as ameaças retornaram. A
situação ficou pior em dezembro, quando soltaram o Ozias. Soube que ele e o
irmão andaram perguntando quem era a nova liderança de Curuquetê e que iam
matar, como fizeram como Dinho (apelido de Adelino). Nessa época eles não me
conheciam, mas voltando ao acampamento, fui avisado de que eu iria ser
assassinado”, contou Oliveira.
Oliveira contou que “vai dar um tempo” em Manaus,
mas que pretende retornar ao acampamento para se fazer reuniões com os
moradores. “A situação ficou ruim porque agora o local está sem liderança.
Muitas famílias estão indo embora. Há apenas 15 famílias agora”, conta.
Marlon Teixeira de Oliveira também se mostra
revoltado com o arquivamento das investigações envolvendo a morte de Adelino
Ramos. “O cara (Ozias) morre e arquivam o processo? O que eu penso é que a
questão dos madeireiros é tipo um tráfico de drogas. Os mandantes sempre ficam
de fora da punição. Quem manda matar nunca é punido”, comentou.
O portal acritica.com procurou a
assessoria de imprensa do ICBMBio, por email, e aguarda resposta às demandas
enviadas sobre a informação acerda do Parna Mapinguari.
Confira
o texto no original no Portal de acrítica.com em:
Também postado
por INSTITUTO NACIONAL DE F CAMPONÊS
ADELINO RAMOS - 12/02/12 em:
http://institutonacionaladelinoramos.blogspot.com/2012/02/ameacas-de-morte-se-intensificam-e.html?showComment=1329098888410#c7573755462326299508
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