terça-feira, 29 de março de 2011

29 DE MARÇO 318 ANOS DE EXCLUSÃO SOCIAL – DIA DE LUTA!

29 DE MARÇO 318 ANOS DE EXCLUSÃO SOCIAL – DIA DE LUTA!

Carta Maior - Internacional -
4 de abril, Dia Nacional da Ação nos Estados Unidos!

Pela manhã funcionários lavam a rampa da Prefeitura Municipal de Curitiba.
A tarde funcionários oferecem bolo ao Prefeito e permanecem em frente a rampa da PMC.

Esta é uma forma digamos diferente de fazer um comentário sobre a política neoliberal que a Prefeitura de Curitiba vem tomando, não só com os Servidores Públicos Municipais mais também com a população em geral. Um governo (desgoverno) que possui uma visão privatista e terceirizante herdados dos tempos do não saudoso Presidente FHC.
Faço uma apresentação comparando políticas privatistas dos EUA, fonte Carta Maior, com opiniões de CRABASTOS e alguns parágrafos tirados do sítio do SISMUC (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba), do SISMMAC (Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba) e um parágrafo tirado do Brasil de Fato.

Carta Maior: A Associação Nacional da Educação está convocando um dia nacional de ação nos Estados Unidos, para 4 de abril, contra as políticas privatizantes de governos estaduais e locais conservadores que estão retirando direitos de professores, bombeiros e outras categorias de servidores públicos. Os professores e os funcionários públicos foram escolhidos como alvos preferenciais, porque são os grupos menos organizados de toda a vasta oposição à agenda das grandes corporações e da imprensa-empresa. Foram selecionados como alvos preferenciais porque ainda guardam os últimos vestígios de uma América conscientizada e politizada.
Fonte Carta Maior:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17605

Brasil de Fato: A revolta começou quando o governador Scott Walker, do Partido Republicano, anunciou, no começo de fevereiro, o plano de aprovar uma lei que proíbe negociações coletivas para funcionários públicos do estado, dos condados e dos municípios, aumenta os descontos sobre seus salários para custeio de plano de saúde e aposentadoria, além de possibilitar que o governo demita grevistas declarando “estado de emergência”. Apesar da onda de manifestações, os republicanos mantiveram-se firmes no intento de aprovar a lei no Senado estadual.
Fonte Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/5982

CRABASTOS: Parece que o nosso querido Prefeito Luciano Ducci, que comemora os 318 anos de exclusão social, tem a mesma política privatizante, e também está tentando retirar direitos de professores, guardas e outras categorias de servidores públicos municipais.

Em Curitiba tirado do SISMUC: Participaram da atividade organizada pelo Sismuc e Sismmac cerca de 200 pessoas. Na opinião da diretora do Sismuc Ana Paula Cozzolino, o ato “mostrou que a categoria não está satisfeita com a forma como vem sendo tratada pelo prefeito”. Ainda, segundo ela, “o investimento no servidor reflete na melhoria do trabalho prestado à comunidade e na melhoria da qualidade de vida do servidor”. Fonte Sismuc: http://www.sismuc.org.br/noticias.asp?ID=1523

Carta Maior: Michigan? Ohio? Indiana? Ante os inaceitáveis ataques do governador Republicano Scott Walker contra os trabalhadores do setor público em Wisconsin, muitos norte-americanos perguntam-se qual será o próximo estado dos EUA a ser atacado. Mas, se se examinam esses ataques por governos locais ultraconservadores, como batalhas separadas, corre-se o risco de não ver o todo.

CRABASTOS: Aqui Prefeito não negocia e nem recebe representantes do sindicato.

Nos EUA tirado de Carta Maior: A estratégia dos governadores conservadores é atribuir toda a responsabilidade pelos complexos problemas econômicos em que os EUA estão mergulhados a três bodes expiatórios: aos professores, aos imigrantes ou aos funcionários públicos.

CRABASTOS: Só falta a Prefeitura de Curitiba atribuir aos problemas que vem enfrentando o SUS, ao endividamento sem fim da "linha verde", a falta de segurança pública entre tantos outros - aos servidores e funcionários públicos municipais!

SISMMAC: A manifestação dos servidores contou também com o corte e distribuição de um bolo com a marca da Campanha de Lutas, em homenagem aos 318 anos de Curitiba, comemorados neste dia 29. Um pedaço do bolo foi levado ao gabinete do prefeito para ser entregue a Ducci, para simbolicamente lembrar o bolo que ele deu nos servidores.
Diante da postura de intransigência do prefeito, professores e os demais servidores municipais vão dar continuidade à mobilização. Se o diálogo não evoluir, podem parar as atividades no serviço público municipal.
No final da tarde a comissão de mobilização reuniu-se na sede do Sismmac para avaliar a situação e propor novas atividades, que serão levadas à categoria.
Fonte SISMAC: http://www.sismmac.org.br/noticias.asp?id=1149&id_cat=1
Carta Maior: A mesma tática ‘dos bodes expiatórios’ aparece e reaparece sempre, por uma razão: garante aos políticos e à imprensa-empresa uma saída fácil. Em vez de ter de enfrentar a substância real de suas respectivas agendas, os políticos conservadores e a imprensa-empresa podem contar história simples, sempre com vilão simples – e o vilão nunca é nem os políticos conservadores, nem a imprensa-empresa nem suas respectivas agendas.

CRABASTOS: Só para exemplificar que esta política neoliberal e conservadora tanto aqui como lá partem sempre da mesma premissa. Pior aqui em que nosso querido Prefeito pertence ao Partido Socialista Brasileiro, ou seja, um neoliberal travestido de progressista!!! Pode? Infelizmente aqui pode onde os Políticos eleitos muitas vezes jogam os Estatutos e a Carta de Princípios de seu Partido no Lixo... E tenho dito!!!

SISMMAC: Fiquemos todos/as atentos/as e participemos! Vamos defender nossos direitos!


Abraços e Saudações Vermelhas!
Amigos Companheiros e Camaradas!!!
CRABASTOS @

quinta-feira, 24 de março de 2011

Direito de todos!!!

Moradia um direito de todos, estabelecido inclusive pela constituição federal, devemos lutar não só por uma verdadeira reforma agrária, mas também por uma reforma imobiliária - contra o latifúndio rural - contra o latifúndio urbano - contra a exploração da classe trabalhadora - contra a opressão dos povos por nações imperialistas!!!

Abraços e Saudações Vermelhas, Amigos Companheiros e Camaradas!!!
CRABASTOS @

terça-feira, 22 de março de 2011

Caminho para Gantanamo - Camino a Guantanamo

Documentário interessante que nos faz refletir sobre a criminosa guerra do imperialismo e as violações dos direitos humanos.
Interesante documento para reflexionar sobre la criminal guerra del imperialismo y la violacion de los derechos humanos.




Se não conseguir assistir no Blogger confira em: http://video.google.com/videoplay?docid=-6570043033771875029&hl=pt-BR#

domingo, 20 de março de 2011

20 DE MARÇO EM SOLIDARIEDADE AOS POVOS

20 de março EM SOLIDARIEDADE AOS POVOS EM LUTA E CONTRA AS INTERVENÇÕES ESTRANGEIRAS

SIM À LUTA DOS POVOS! NÃO À INTERVENÇÃO GOLPISTA!

Em 20 de março houve uma pequena manifestação na feirinha do Largo da Ordem em Curitiba-Paraná, onde se encontraram membros da CEBRAPAZ-PR que divulgaram por meio de panfletos e bexigas o que está ocorrendo principalmente no Oriente Médio. Também contaram com o apoio da FEPAL e IBEI, além de uma representante da UBM.

A manifestação e a data de 20 de março estavam direcionadas ao que foi decidido no Fórum Social Mundial em Dakar, Senegal, 6 a 11 de Fevereiro de 2011.

Sendo ela:

A assembleia de movimentos sociais convoca as forças populares de todos os países a desenvolver grandes ações de mobilização, coordenadas a nível mundial.

20 de março – Inspirados nas lutas dos povos da Tunísia e Egito, este dia será chamado como um dia mundial de solidariedade com a luta do povo árabe e africano, a resistência do povo palestino e Saharaui, as mobilizações europeias, asiáticas e africanas contra a dívida e em apoio aos processos de mudança que se constroem na América Latina.

Abaixo a transcrição do conteúdo do panfleto que foi distribuído:

A solidariedade não tem fronteiras. Hoje mais do que nunca, a opinião pública mundial é fundamental para se evitar guerras, genocídios, abusos de poder, destruição ambiental e tantas outras violências que, infelizmente, infestam o mundo.

Por isso, hoje nos manifestamos a favor da mobilização massiva, popular e pacífica em países do norte da África e Oriente Médio, como Tunísia, Egito, Bahrein, Arábia Saudita, Iêmen, entre outros, que exige profundas mudanças nos regimes políticos ditatoriais, caracterizados por monarquias absolutistas despóticas, as quais se mantêm sob as formas mais cruéis de violência contra a sua população.

Também devemos denunciar o papel que vem desempenhando a ONU e as principais potências econômicas do globo em todos esses episódios. Devemos denunciar que tais regimes despóticos se mantem também à custa do apoio dessas potências, recebendo ajudas econômicas e militares e, ainda, contando com a omissão a respeito de todas as violências que ocorrem.

Devemos denunciar também a orquestração midiática e militar contra a Líbia, alavancada pelos interesses econômicos dessas mesmas potências, que estão a infestar o mundo com informações distorcidas, apoiando um golpe armado para promover nesse país o mesmo tipo de ocupação que ocorreu no Iraque.

Aproveitamos esse dia também para lembrar os milhares de civis mortos em bombardeios indiscriminados no Afeganistão, no Iraque e em Gaza.

Também nos solidarizamos hoje com a população palestina, vítima de violências inimagináveis e inaceitáveis por parte do regime racista representado pelo Estado de Israel.

Denunciamos mais uma vez o embargo econômico e a perseguição midiática contra Cuba, que prejudicam profundamente a população desse país, com a finalidade de impedir o florescimento da experiência socialista, caminho escolhido soberanamente pela população, por parte dos EUA-OBAMA.

Manifestamos por um mundo sem guerras, sem exploração e sem violência. Manifestamos por um mundo fraterno, harmônico e justo.


CEBRAPAZ-PR, FEPAL, IBEI

KHADAFI TEM PROJETO!


KHADAFI TEM PROJETO!

por Clovis Pacheco


Esta é a segunda postagem que faço, no Blogger, sobre Khadafi, também escrito por Clovis Pacheco que mora em São Paulo Capital.

Escolhi não só este texto como também o anterior por considerar Clovis como um profundo conhecedor do assunto. Pois ele além de jornalista por profissão é Professor de História e Ciências Sociais por formação.

As informações trazidas a este texto veem dos tempos em que era jornalista de noticiário internacional e de tradutor da Agence France Presse, além de depoimentos de parentes idosos, sendo que em suas origens teve um trisavô paterno beduíno islâmico sunita de Homs, na Síria, e a sua trisavó, cristã ortodoxa do rito antioquino.

Há uma diferença entre Khadafi e os governantes árabes defenestrados do Egito, Hosni Mubarak, e da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, assim como com relação aos governantes contra quem vêm surgindo protestos que ainda não resultaram, como os casos do Bahrein, Jordânia e Arábia Saudita.

Quanto ao Khadafi, ele tem a seu favor o fato de possuir um programa, e não precisamos aceitar suas teses, para reconhecer que ele tem um projeto para a Líbia. E em grande parte o realizou, como expulsar as companhias petrolíferas, que sugavam o país, após derrubar o rei Idriss, que era senussita, membro de uma confraria das mais conservadoras e retrógradas, tanto que ninguém o defendeu, quando de sua derrubada. Khadafi criou o exército, tornando-o nacional, pois até então, não era mais que uma guarda pretoriana do rei. Elevou o padrão de vida, de modo que a Líbia passou dos 2 milhões de habitantes em 1970, o censo do tempo da derrubada do rei, para os atuais 7 milhões, pelo recuo da mortalidade infantil, hoje menor que 18 por mil crianças.

Desafiou os Estados Unidos, coisa que sempre pega muito bem em todo o Oriente árabe, com exceção da Arábia Saudita, e mesmo o povo saudita não gosta de gringos, só o rei e sua turma.

Daí ele haver conservado a lealdade da maioria dos militares, e de boa parte da população civil, e haver se sustentado até agora. Não deixa de ter legitimidade, em termos islâmicos.

Já no Egito, projeto foi só o coronel Gamal Abdel Nasser que apresentou, em seu governo, de 1952 a 1971, quando morreu. Seu sucessor, Anuar el-Sadat, meteu o pé no breque, e adeus, projeto! Depois, Mubarak fez o mesmo. E quanto Tunísia, quem teve projeto foi o libertador do país, Habib Bourguiba, que acabou sendo detido, com a doença e senilidade total daquele líder, deposto em 1986 pelo general Zine El Abidine Ben Ali, que também engavetou o projeto. E os soberanos de Bahrein, Jordânia e Arábia Saudita nunca tiveram projeto algum!

sexta-feira, 18 de março de 2011

A LEGITIMIDADE DE KHADAFI

A LEGITIMIDADE DE KHADAFI
por Clóvis Pacheco


O texto abaixo foi totalmente escrito por Clóvis Pacheco, em suas palavras:

“de recordações de meus tempos de jornalista de noticiário internacional e de tradutor da Agence France Presse, e de depoimentos de parentes idosos, alguns dos quais bastante instruídos, médicos, advogados e engenheiros”.

Seriam, então, seus atos (de Khadafi) legitimados pelo povo que, por absoluta inércia, nunca buscou eleger democraticamente seus representantes?
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Quanto a isso, não tenho a menor dúvida! E a falta de eleição democrática na Líbia não precisa ser em si mesmo ato de inércia, mas de tradição. Ou se quisermos, de falta de tradição democrática. Inércia seria se eles, anteriormente, tivessem passado por uma tradição democrática, e por qualquer motivo, como o desencanto, por exemplo, acabassem por deixar de lado a participação.
Mas não é esse o caso; na Líbia, jamais ocorreu democracia, a não ser no âmbito restrito das tribos de beduínos, ou das aldeias de camponeses, e mesmo assim, com a participação estrita dos homens adultos que sejam chefes de família, e para decidir coisas de pequena relevância. Por exemplo, um homem de 60 anos, pai, avô, bisavô, que tiver vivo o velho pai de 80 anos, e esse não for decrépito, não será chefe de família... Nada de participação plena, portanto. E com as mulheres, menos ainda! Nada de feminismo com eles! Elas JAMAIS serão chefes de família, mas estarão, SEMPRE, sob a tutela do filho que o for. Na falta de um filho nessa posição social, do irmão, do cunhado, de qualquer outro macho barbado.
A Líbia, desde o século XVI e até 1910, fez parte do Império otomano, dentro do qual não havia democracia, quando muito, o paternalismo de algum sultão mais tolerante. É o mesmo caso de todos os demais países árabes, com exceção do Marrocos, que nunca foi ocupado pelos turcos otomanos. A autoridade do sultão era frouxa, devido às distâncias, e o custo para manter um forte exército, de modo que com o tempo, o bei de Trípoli – o chefe local nomeado pelo sultão – acabou adquirindo verdadeira soberania. O mesmo com outros governantes similares, como o bei de Tunis, o bei de Argel, o paxá do Egito, dos quais o mais notável foi Mohammed Ali, que nem egípcio era, mas albanês, e criou uma verdadeira dinastia, cujo último representante foi o rei Farouk, deposto por Nasser, em 1952.

Em 1910 a Itália recém-unificada (em 1870) derrotou o decadente Império Otomano, e ocupou a Líbia, facilitada pela grande proximidade geográfica, maior que a da Turquia, e assim, com maior facilidade para o suprimento logístico, pelo fato de já possuir razoável indústria de armamentos, pelo menos, em termos comparáveis com o otomano, e maior frota naval. Até o final da Segunda Guerra Mundial, a Líbia foi possessão italiana, e ainda não havia o interesse petrolífero, mas o geopolítico, permitindo à Itália dividir o Mediterrâneo já grandemente barrado por seu próprio território e apenas contrabalançado, no local, pelo fato de Malta ser possessão inglesa.
Como colônia, a Líbia não teve qualquer impulso para que desenvolvesse instituições de participação, que isso iria atuar contra os interesses da dominação. E logo em 1922 veio o fascismo, e já podemos imaginar que tipo de representação o Mussolini permitiria.
Derrotado o fascismo, chegou ao poder o grupo mais organizado da Líbia, a confraria islâmica senussita, sendo que no mundo islâmico, e em especial, na África, as confrarias faziam, informalmente, o papel que noutros locais é desempenhado pelos partidos políticos, como canais de participação. Mas a sociedade civil líbica era insuficiente para reivindicar maior participação, e suas elites, tradicionalistas, viam com desconfiança as instituições típicas da democracia representativa. Além disso, as elites sociais do país eram minúsculas, restritas às poucas cidades do litoral como Trípoli, Bengazi e outras, e muito conservadoras, isso num país em que a maioria da pequena população daquele momento era composta por beduínos – nem todos recenseados – e camponeses que viviam de culturas de subsistência. Era de cerca de 2 milhões de pessoas, pouquíssimo, para o tamanho do país, e isso, apenas em termos quantitativo. Qualitativamente, sua carência era ainda maior.

À falta de elites organizadas deu a oportunidade de que surgisse uma liderança islâmica dentro da única entidade mais ou menos coesa, o exército, ainda que até a derrubada do rei Idris, não fosse senão uma tropa de janízaros a serviço do poder. Essa liderança é o Khadafi, gostemos dele ou não, que isso já é outro assunto.
Situação semelhante à do Egito sob o rei Farouk, em que o exército, derrotado por Israel em 1948, desenvolveu uma elite, os Oficiais Livres, de que o futuro coronel Gamal Abdel Nasser era a alma, e de que faziam parte Anuar el-Sadat e Hosni Mubarak, ainda que sem o brilho do coronel. O exército egípcio já era mais organizado, não se limitava a ser um corpo de janízaros a serviço do rei, mas o embrião de uma verdadeira corporação amada, bastante representativa do povo, pois ao contrário das oficialidades de outros países, era formada por pessoas originárias classes medias e baixas. E em breve, em 1952, deu o bilhete azul àquele monarca, que era nem mesmo era árabe de origem étnica, mas bem mais circassiano otomano, em que pese sua descendência do albanês Mohammed Ali, também não egípcio. O rei Farouk, educado à inglesa pelos ocupantes virtuais do seu país, demorou muito para aprender o árabe, se é que um dia dominou de fato o idioma, e tinha grande desprezo pelo povo do país do qual se tornou rei ainda adolescente.
Como o Egito possuía uma elite mais organizada, dentro da qual existia um partido nacionalista conservador, formado pelos latifundiários, o Wafd, foi possível existirem instituições representativas de maior significação. E mesmo as minorias estavam representadas, como o atesta a carreira de Butros Gali, ministro das Relações Exteriores e depois, secretário-geral da ONU, diplomata de origem copta, e, portanto, um cristão monofisita, e, por sinal, casado com uma judia egípcia.

Cito o caso do Egito, apenas, em termos comparativos, para explicitar como são diferentes os dois casos, apesar de em seu ponto de partida os dois países tiveram muitas semelhanças, em se tratando de colônias ou de semicolônias, o Egito estando sob o sistema consagrado pelos ingleses do indirect rule, com um chefe nominal egípcio. Esse foi o caso dos khedivas que se seguiram à virtual ocupação do país por parte da Inglaterra, depois que o controle acionário do canal de Suess passou para mãos britânicas. Tinham, por sinal, bem menos autonomia que Mohammed ali, virtual senhor do Egito, súdito apenas nominal do sultão de Istambul, situação assumida por seu filho, Ibrahim Paxá, e alguns outros poucos, até que a aventura do canal jogou o Egito sob o controle inglês: o canal, em si mesmo notável obra de engenharia, pouco beneficiou os egípcios.
Nasser, além de nacionalizar o canal, interveio na industrialização, com o Estado bancando projetos, nacionais e em cooperação com outros países, como foi o caso da represa de Assuan, conduziu a expansão da educação, reduzindo de modo drástico o clássico analfabetismo, que era de 80% nos tempos do rei Farouk, e do sistema de saúde. E nota das mais importante,s estabeleceu a reforma agrária,coisa que nós, no Brasil, até hoje pagamos para ver...
Conduziu o Egito, ainda, na política internacional dos países não-alinhados, o que era uma esperança de independência com relação aos dois grandes megablocos da guerra fria, junto com Nehru, da Índia, Tito, da Iugoslávia, Sukarno, da Indonésia, Senghor, do Senegal.
Nasser tinha um projeto, portanto, tal como Habib Bourguiba, da Tunísia, também o teve, e Khadafi o tem, e o conduziu, enquanto viveu. Os que vieram depois, al-Sadat e Mubarak, detonaram o projeto, tal como ocorreu também na Tunísia: Bourguiba, idoso e esclerosado, deixou de comandar o projeto, mas não saía do cargo, até que foi derrubado, dizem que sem que se mostrasse um canhão ou fuzil, mas apenas um atestado médico... E daí o projeto tunisiano foi também para o brejo.

Se observarmos a situação da Síria, o projeto desenvolvido por eles, ainda que sob um Estado policial, instituído pelo falecido presidente Hafez al-Assad, pai do atual presidente sírio Bashar al-Assad. O governo sírio é fortemente intervencionista, tal como o era o de Nasser, e vem conduzindo do modo como é possível a vida econômica do país, em sua modernização,aos trancos e barrancos. A Síria também tem projeto nacional – e nenhum de nós precisa concordar com ele, para reconhecer o fato – e isso garante certa margem, de segurança ao governo de lá.
O povo do Egito e o da Tunísia se revoltaram com o fato de que além de terem os projetos nacionais brecados, a corrupção avançou, mais que os limites toleráveis. O padrão de vida da população baixou extremamente, e as elites de origem popular não encontram campo, como o casos dos engenheiros que vendem laranjas ou os contabilistas que trabalham como repositores de supermercado.
Além disso, a laicização do Estado, nos dois países, permitiu uma relativa ocidentalização, de modo que as idéias modernas e ocidentais de democracia formal e de democratização social já se fazem sentir, mais que em outros países da área. Daí o descontentamento popular, que sensibilizou os exércitos egípcio e tunisiano, compostos, principalmente, por pessoas nascidas nos estratos médios e populares.
Isso ainda não ocorre na Síria: nem o projeto sírio foi brecado, nem a corrupção síria atingiu o grau que chegou a ser no Egito mubarakiano.

E a Líbia? Ainda está longe de ter uma elite que queira democracia ocidental acima de tudo. O que eles querem é um rais, um líder, um condutor. Recordemo-nos que rais era o título popular dado a Nasser, e ele desempenhou muito bem o papel. A Líbia tem o seu, que é o Khadafi, evidentemente, sem o descortínio de Nasser, homem culto, leitor voraz, que se atualizava a cada momento, e totalmente desprendido de ambições materiais. Tanto que quando morreu, não tinha casa própria, e sua viúva teve que viver de sua pensão de coronel reformado, que ele nem pensara em se autopromover a general.
Bem, Khadafi ofereceu algo à Líbia. Se isso basta, se o custo social foi alto, é outro assunto. Por isso, ele tem partidários, civis, entre a população, e a lealdade do exército que criou.
Daí seu poder ser legítimo, pelo menos, segundo os critérios weberianos, assim como os de Maquiavel, que demonstrou que o primeiro passo para a legitimação de um Príncipe, além do consentimento, é ter algo a apresentar, como resultados.

Daí sobrar uma deixa para a nossa reflexão: será que ao exigirmos democracia à ocidental em um país que não é ocidental, que ainda não chegou ao ponto de querer isso, por um setor majoritário de sua opinião pública, por si mesmo, sem precisar de nossa instigação, não é um pouco de pretensão nossa? O tal de, com perdão da palavra, “querer cagar regras e deitar ciência”, porque entendemos que aquilo que achamos ser bom para nós será, necessariamente, bom para os outros?
Lembremo-nos de duas verdades fundamentais; nem a Líbia é ocidental, para que toda a nação deseje com tanto ardor e unanimidade a democracia formal representativa, nem o Brasil é de fato uma democracia grandemente respeitável... Pelo menos, para ter como dar lições ao próximo, e falar de peito estufado, como tantas vezes têm aparecido em nossos meios de comunicação.

Pelo que diz, então, não se aplicaria o tiranicídio, já que inexistente o requisito da "tirania insuportável”...

Prezado Carlo, desde que li seu primeiro tópico, estou quebrando a cabeça para ver a quantos casos históricos se aplicaria de modo justo o conceito ciceroniano de tiranicídio, ou as considerações de Santo Tomás de Aquino, e ainda, as de Guilherme de Ockhan. Só para ficar nos casos da América Latina, quantos governantes que a história apontou, posteriormente, como tiranos, fora assim julgados por um número que fosse realmente dos mais significativos de seus contemporâneos? Por isso, cito de início governantes do século XIX.
Juan Manuel de Rosas, da Argentina? Ele é até hoje visto como o grande mantenedor da unidade nacional, depois das perdas do Paraguai e do Uruguai, em que pese os degolamentos que produziu. Melgarejo, da Bolívia, que agradava o povo com festas e distribuição de álcool, apesar da entrega de territórios bolivianos do Brasil, e de desmandos aos montes, a começar pelo assassinato, por suas mãos, de seu antecessor, o general Belzú? Ele era popular, junto do povo! O doutor Francia? Até hoje ele é visto como o pai do Paraguai, apesar – ou talvez, por isso mesmo – de seu nunca desmentido autoritarismo!
No século XX, talvez apenas Fulgencio Batista, nos últimos dias de seu domínio, e Anastacio Somoza, igualmente no seu crepúsculo, enfrentaram, de fato, oposição popular maciça, e somente contaram com a lealdade de suas forças armadas, porque os oficiais eram beneficiários do regime, e as tropas viam seus soldos complementados com generosas doações de dinheiro. Nem Trujillo, talvez o mais abusivo dos governantes do século XX, despertou tanto ódio popular, tanto que seu assassinato, velório e sepultamento provocaram crises de choro, no povo comum dominicano!
Daí eu me perguntar qual é a validade histórica de que se pense em aplicar com justeza o conceito de tiranicídio, porque um governante que seja visto como tirano por todos não chegaria jamais a atingir um poder que leve seu país ao paroxismo!
Não que não ache que muitos dos tais tiranos citados não tivessem merecido bala! Mas como estabelecer isso?

Texto escrito por Clóvis Pacheco que além de conhecedor do assunto teve em suas origens, um trisavô paterno beduíno islâmico sunita de Homs, na Síria, e a sua trisavó, cristã ortodoxa do rito antioquino.

domingo, 13 de março de 2011

Pensem !!!

Assim como um vírus a sociedade se descaracteriza ao passar dos tempos, na medida em que a comodidade vira produto, a cultura se transveste em cartas dadas, como uma alienação...

Estamos na cultura da mídia imposta pela mídia, na cultura do “reality show”, das novelas sem conteúdo, dos telejornais que manipulam informações, da democracia que nada tem a ver com o: “do povo; para o povo; e pelo povo”; e sim: “da mídia; para a mídia; e pela mídia”.

Amigos companheiros e camaradas! Será que além da mídia dominante, podemos realmente confiar nestas Redes sociais, nos provedores da maioria dos seus Bloggers, ou em seus correios eletrônicos?

Até que ponto a internet é uma “rede sem fronteiras”? Acham que realmente podemos expor todas nossas idéias, principalmente se elas forem contra os sistemas vigentes? Podemos criticar todas as mazelas do capitalismo e o imperialismo Estadunidense? Aonde estas redes têm suas principais sedes?

Vejam por exemplo o currículo de Bill Gates e Steve Jobs, não são eles os signatários do mais puro e inescrupuloso ideal do capitalismo.

Poderiam até pensar que isto seria mais uma das diversas teorias da conspiração que percorrem a internet... mas estou falando embasado em fatos ocorridos recentemente na rede.

Em fevereiro de 2011 a polícia britânica utiliza-se das redes sociais para rastrear manifestantes que faziam passeatas contra o governo.

Na quarta-feira 13 de Janeiro de 2011, o Canal Cubadebate do YouTube, de propriedade da Google, recebeu notificação do Centro Técnico, informando que fechou a conta na rede devido a uma queixa por violação de direitos autorais, referindo-se especificamente a um vídeo editado a partir de um amplo material muito divulgado na net que tinha sido replicado em vários locais, sem autoria.

Na noite de 02 de dezembro 2010, desapareceu o perfil do Fiesta PCE (Partido Comunista da Espanha) no Facebook . Não houve aviso prévio nem qualquer explicação adicional, quando tentaram acessar apareceu uma mensagem que o perfil foi desativado. O Facebook colocou de forma unilateral, dando um ponto final em mais de um ano de trabalho que divulgava informações do festival de PCE entre todos os seus colaboradores.

Pense... pense... pense... está mais do que na hora de realmente nos libertarmos, nos livrarmos da amarras destes sistemas podres e corrompidos, temos que aprender a questionar, temos que aprender a impor, temos que lutar pelo o que é nosso de fato e de direito. E tenho dito.