Manoel
Ribeiro, o grande Nelinho, nasceu no dia 11 de fevereiro de 1965 em Ferruginha,
município de Conselheiro Pena-MG, recém nascido mudou com a família para o
estado do Paraná precisamente para cidade de Assis Chateaubriand-PR. Começou a
trabalhar muito cedo na roça, em seguida em uma farmácia. Em janeiro de 1981 já
na adolescência mudou com a família para Colorado do Oeste em Rondônia e
trabalhou por dois anos na farmácia do popular Jô Sato já começando a angariar
simpatia da população pelo seu carisma e pela forma com a qual atendia a todos
sempre com muita cordialidade e um sorriso no rosto.
Ainda
menor, em meados de 1982 foi convidado para trabalhar na agência do Bradesco em
Colorado, atuando diretamente com os colonos principalmente na pasta da
carteira agrícola onde conquistou credibilidade e muita confiança. Tinha
participação ativa no meio esportivo e no Grupo de Jovens de Colorado. Sua
liderança junto aos seus colegas de trabalho ganhava forças. O início da década
de 80 em nosso país foi marcante e passava por uma grande transformação social,
era a plena ditadura e o povo clamava por mudanças e exigia a democracia, más a
repressão era vertente. Esse período ainda era crucial e negro para a luta dos
trabalhadores e o setor bancário não era diferente.
A
formação do Sindicato dos Bancários em Rondônia foi a chave para que Nelinho se
tornasse a liderança máxima da categoria no Cone Sul. Nesse período ingressou
no Partido dos Trabalhadores de Colorado do Oeste, já fazendo parte do
Diretório Municipal e ampliando seu peso de liderança. Porém, como a luta de
esquerda naquele período era tido como subversiva e seus líderes eram implacavelmente
perseguidos, mesmo com a queda do militarismo em 1985, e pelo fato do Nelinho
ter liderado as grandes greves e inquietando seus superiores pela dita
subversão, em 1986 Nelinho foi sumariamente demitido da agência do Bradesco.
Montou um pequeno bar em Colorado onde era muito frequentado pelos amigos, mas,
esse não era seu dom, preferiu ir pra roça e trabalhar com os pais no então
Distrito de Nova Esperança, hoje Corumbiara.
Recomeçava
aí uma nova luta, começando pelo Grupo de Jovens da igreja católica, em 1987
aliou-se ao movimento dos professores da Escola São Roque onde o embate com o
poder local era fervilhante. Em 1988 começa a sua jornada em busca de um cargo
político. Concorreu a uma vaga de vereador representando o Distrito de Nova
Esperança e por apenas dois votos não foi eleito, mas, marcou terreno, ficou
primeiro suplente.
Liderou
as eleições de 1989 onde houve a disputa entre Lula/Collor onde mesmo com a
derrota nacional em Nova Esperança Lula saiu vencedor, Nelinho ganhou mais
pontos. Veio a emancipação de Nova Esperança em 1992 a qual se passou a
chamar-se Corumbiara em homenagem ao rio que corta o município, fundou o PT em
Corumbiara e com isso a eleição para a escolha do novo prefeito do recém-criado
município.
O
PT, em uma aliança com o PDT, lançou o comerciante Daniel Alencar com o vice do
PT João Cacau. Nelinho concorreu a vereador e desta vez foi eleito, o único do
PT de Corumbiara. Na câmara era basicamente o único que contestava os desmandos
e abusos cometidos pela administração municipal da época e pela subserviência dos
demais vereadores.
Em
1993 fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais juntamente com outros
companheiros de luta composta por lideranças dos assentamentos Adriana, Vitória
da União e Verde Seringal, que a partir daí esse sindicato tornou-se referência
e um dos mais combativos do Estado de Rondônia, passando a somar forças e
contribuir com a participação popular nas ações políticas na Câmara Municipal.
O sindicato dos trabalhadores rurais, em sua base, enraizada com mais de 60
lideranças distribuídas através das comissões de linha, já em 1995 mobilizou-se
para a ocupação da chamada Fazenda Santa Elina onde envolveu mais de 600
famílias, totalizando uma média de duas mil pessoas.
A
partir daí entra o período de agonia. A ocupação em 15 de julho, em seguida a
resistência e o massacre, ocorrido no dia 09 de agosto de 1995 pelas forças
policiais do Estado e por jagunços. Pelos fatores de ter apoiado os sem-terra
associado aos embates travados na Câmara Municipal, o vereador Nelinho entrou
no rol dos marcados para morrer. Comentava-se que a cabeça de um líder de Santa
Elina equivalia de vinte a trinta mil reais.
O
assassinato de Nelinho era eminente, questão de dias. Na noite do dia 16 de
dezembro de 1995 aconteceu o inevitável, uma tocaia covarde, vários tiros na
noite, Nelinho de peito aberto, foi alvejado covardemente, tombou, mas não
renegou seu legado de defender os mais humildes. Registrou na história de
Corumbiara o exemplo de um guerreiro que não tinha medo da morte.
Fonte: Tirado do Facebook de João Ribeiro da Cidade de
Corumbiara –
Autor do texto: JOÃO RIBEIRO DE AMORIM - Irmão de Nelinho
Vereador 2001/2004 – 2005/2008 – Vice-Prefeito 2009/2013
Atualmente Diretor Geral da Câmara Municipal de
Corumbiara
Poderá ler também em:
http://institutonacionaladelinoramos.blogspot.com.br/2013/08/nelinho-mais-um-martir-de-corumbiara.html
http://uniondepueblosdeamericalatinaecaribe.blogspot.com.br/2013/08/nelinho-mais-um-martir-de-corumbiara.html
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